Trabalhos dos alunos

 

Amestelledamme[1]

 

 

Amesterdão, conhecida pelo seu património artístico e por um conjunto de canais que embelezam a cidade, é o meu próximo destino.

Há meses que anseio visitar esta cidade, legada pelos dourados do século XVII. Numa conversa informal com uma amiga, percebi os diversos pontos turísticos, bem como a vivacidade e a mentalidade de uma população que não ficou presa em anos barrocos, e logo me atraiu.

O destino é insidioso e colocou-me a possibilidade de escrever sobre uma viagem. Instantaneamente pensei que fosse o momento de a realizar. A semana que antecede o Natal foi a minha preferência. O preço não foi acessível, duzentos e cinquenta euros, mas com poupanças e ajudas financeiras familiares, consegui comprar a viagem. Parto às sete horas de Guimarães de autocarro para o aeroporto Francisco Sá Carneiro, sendo que o meu voo será às dez e quarenta com hora prevista de chegada às duas e trinta. Uma viagem de duas horas e cinquenta minutos, que será acompanhada pel’ O Diário de Anne Frank  e me levará a visitar a casa da própria e da sua família durante a ocupação nazi, na segunda guerra mundial. Hoje, encontro-me a definir o meu plano de viagem. Dezasseis de dezembro será a descoberta, e nada melhor do que passear pelos canais, a fim de conhecer a cidade e de tranquilizar, esperançosa de observar alguns dos residentes que corajosamente patinam sobre as águas congeladas.

Dezassete de dezembro, deixar-me-ei levar pela trágica, mas maravilhosa vida de Van Gogh, visitando o seu museu. Para jantar e sabendo que o holandês janta cedo, respeitarei os horários viajando nas suas comidas típicas no restaurante “Moeders”. Os restantes dias ficarão nas mãos da minha amiga, que tão amavelmente me levará a desvendar a cidade.

Voltarei dia vinte, por volta das catorze horas, e sendo o tempo escasso será apenas para tomar um café numa coffee shop.

 Anseio por esta viagem. Será mais uma experiência, mais cultura, mais introspeção. Viajar é mudar o cenário da solidão, serei cenógrafa de mim mesma.

 

 

[1] A palavra que deu origem ao nome da cidade de Amesterdão vem do latim Homines manentes apud Amestelledamme, ou seja, “homens que vivem próximo ao Amestelledamme”. Amestelledame é o dam (dique) do rio Amstel, cujo nome pode ser interpretado como ame ("água") e stelle ("terra seca").

 

Maria Leonor Ramos Rocha 11ºA

 

Uma Viagem, Mil Emoções

 

Nem dormi nessa noite, tal era a agitação. Era a minha primeira viagem sozinha e os nervos não me deixavam. Quando finalmente embarquei rumo ao imprevisto, eram já 4h15, e então o avião levantou, num voo calmo, que duraria cerca de duas horas. Tudo decorreu com normalidade até à chegada ao destino: a esperada Alemanha. Nunca lá tinha estado, e foi com alguma surpresa que, ao abandonar o avião, constatei que toda a tranquilidade contrastava, agora, com o caos que a agitação atmosférica provocava. A chuva era violentamente levada pelo vento, que soprava fortemente, embatendo com intensidade nos vidros do autocarro apilhado, que levava os irrequietos passageiros para o interior do aeroporto de Dusseldórfia. Tentei manter a calma quando ajudei o simpático casal idoso que, com alguma dificuldade, tentava erguer as suas malas do tapete que seguia indiferente, levando a bagagem de porão. Suspirei, após me despedir deles com um atrapalhado aceno. Este fora o meu primeiro contacto com o país estrangeiro e, para o que seria de esperar, até me tinha desenrascado bem, no meu alemão elementar, aprendido em apenas dois anos. Depois de muito esperar, apenas restava uma pequena mala azul, ao fundo do tapete, que ninguém reclamava. Já toda a gente tinha desaparecido, e a minha mala vermelha com o pequeno panda de peluche, oferecido pelo meu irmão, continuava sem aparecer. Foi então que decidi seguir caminho. Mais tarde comunicaria, através da aplicação online da companhia aérea, o problema. Entrei então no táxi, que me levou até à cidade de Duisburg, onde, muito calorosamente, reencontrei a Sofia, minha amiga de longa data.

Depois de pousar a mochila que me restava na casa onde a Sofia humildemente me acolhera, prosseguimos à exploração do centro da cidade. Quando deixámos a pequena casa, com vista direta para um afluente do belo rio Reno, fomos diretamente para o “Tiger & Turtle”, atração que consistia numa espécie de montanha russa com escadas, dando voltas e voltas, subindo e descendo. Depois de a percorrermos animadamente, aproveitámos para comer um cachorro quente numa minúscula banca, lá perto, que parecia não poder suportar todas as crianças que ali se multiplicavam. Logo depois de saciarmos o apetite, usufruímos do tempo agradável que se pusera, e dirigimo-nos para um encantador parque, verde e fresco, onde também os cães (com os quais nos fartámos de brincar!) se deleitavam. Seguimos, já um pouco cansadas, rumo a um dos jardins zoológicos da cidade, onde a grandeza dos tigres, leopardos e hipopótamos, que lá habitavam, nos estontearam. Mas rápido tivemos de abandonar, já que a hora de encerramento se aproximava. Decidimos, então, explorar a sinistra construção que repousava ao lado da nova universidade onde a Sofia agora estudava, para lá da margem. Este acabou por nos surpreender pela positiva pois, aquele que parecia ser somente um velho e abandonado parque industrial, ganhou vida à noite. Repentinamente, avistamos um colorido fogo-de-artifício que iluminava brilhantemente o edifício. Se outrora se parecia com um cenário de um filme do 007, agora estava claro e pomposo, digno de uma rodagem da Disney.

Depois de uma breve (mas obrigatória) noite de sono, partimos cedo para o destino, por ambas, mais esperado: Amesterdão. Apesar de a Sofia se ter mudado para Duisburg há já quatro meses, só nesse momento aproveitara a oportunidade de me acompanhar para sair e explorar esta zona geográfica, já que era da minha vontade ir aos Países Baixos desde criança. Partimos velozmente, já com as nossas respetivas malas (uma vez que todo o processo de encontrar e entregar a mala perdida fora, felizmente, rápido e bem sucedido), no comboio que nos levaria até ao centro da cidade de Amsterdão. Duas horas depois, lá estávamos, envolvidas no clima outonal do elaborado sistema de canais que banhava os pequenos bairros de casinhas baixas de telhado pitoresco. Por todo lado se observavam turistas e, tal como eles, nós decidimos explorar as ruas em cima de uma das inúmeras bicicletas alugadas. Logo chegámos à icónica casa de Anne Frank onde, no exterior, assentava delicadamente uma estátua da célebre jovem, vítima do Holocausto. A infindável fila dava acesso a um pequeno anexo arrepiante, onde ninguém se atrevia a proferir palavra. Para quebrar o pesado ambiente, fomos lanchar a uma maravilhosa pastelaria, com os crepes mais deliciosos que alguma vez tínhamos comido. Dirigimo-nos ao famoso Museu Van Gogh, onde nos foi agradavelmente oferecida uma visita guiada por entre os brancos salões, modernos e acolhedores. Em seguida contemplámos, infelizmente sem o pormenor com que gostaríamos, o Museu de Arte Moderna, assim como o eminente Museu do Diamante. Estávamos a adorar toda a experiência até que, por influência dos três amáveis jovens (que, tal como a Sofia, estavam inseridos no programa Erasmus), demos por nós no Museu da Tortura. Foi, definitivamente, algo a não repetir. Ver instrumentos macabros e corpos desmembrados não era algo que tínhamos, de todo, planeado observar! Mas bem, simpatizámos com os jovens italianos e acabámos por dividir despesas e pernoitar num Airbnb, num bairro onde todas as construções pareciam harmonizar. Acordámos infelizes na manhã seguinte, por saber que a hora das despedidas se aproximava. Passeámos, uma última vez, no Vondelpark, onde almoçámos, abraçados pelos relvados verdejantes que conciliavam a sua beleza com as esguias árvores majestosas.

Tinha, enfim, chegado a hora do adeus. Trocámos pequenas lembranças e contactos com os outros estudantes e ali soube que ficaríamos eternos amigos. Quanto à Sofia, sabia que ela ficaria bem, agora mais feliz e com vontade de explorar. Foi no voo de regresso que constatei como uma simples viagem me tinha feito perspetivar sobre a vida que se desenrola para lá, além da nossa península. Vinha mais rica e motivada, certamente consciente de que, finalmente, era livre, e todas aquelas responsabilidades do universo que tanto ansiava estavam, agora, em mim.

 

Maria Miguel Mota, n.º 14 11º A

 

 

 

Quero ser

por

Carolina França, nº3, 10º ano

 

 

Detesto que os adultos me perguntem

“O que é que queres ser?”

Detesto que me falem lá do alto

Tão alto

Que mal os consigo ver

 

E eu respondo-lhes:

”Quero ser… e é isso.

Não me interpretem mal,

eu não quero não fazer nada

A questão é mesmo essa:

Eu quero fazer tudo.

Quero errar, quero cair, quero chorar

sem stress de ter de agradar

àqueles que nem se agradam a si mesmos”.

 

Não têm o costume de aceitar esta vocação

que aliás é “mui” nobre profissão

Pois, na verdade, mal sabem eles

o que virá a seguir.

                                                          

 

 

O reflexionista

por

José Nuno Miranda, nº7, 10º ano

 

Detesto que os adultos me perguntem

‘‘O que é que queres ser?’’

Detesto que me falem lá do alto

Tão alto

Que mal os consigo ver.

 

E eu respondo-lhes:

”Silêncio.

Tenho coisas mais úteis em que pensar.

Tenho questões mais profundas do que aquelas que me fazem,

principalmente quando vos falta assunto.”

 

Ficam indignados

Dizem que sou isto e aquilo

Não me interessa.

Tenho coisas mais úteis em que pensar.

 

‘‘Em quê?’’- perguntam.

Respondo, mas só para não me perder

nos meus pensamentos, na minha liberdade

(ou na ilusão de que a tenho).

 

Novamente, peço

“Silêncio.

 

Quero pensar!”

 

 

 

Conclusão do assunto da última aula.
Análise dos poemas "Muda-se os tempos, mudam-se as vontades" e "Esparsa" de Luís de Camões.
Realização de uma ficha gramatical - funções sintáticas - complemento do adjetivo.

A voadora

 por

Sara Cortez, nº16, 10º ano

 

 

Detesto que os adultos me perguntem

“O que é que queres ser?”

Detesto que me falem lá do alto

Tão alto

Que mal os consigo ver.

 

E eu respondo-lhes:

“Quero ser voadora.

Estudar num balão o céu

sentir a brisa, o vento

e o silêncio

e, de vez em quando,

levar com as gotas da chuva

contemplar a forma das nuvens

e olhá-las, enquanto passam.

 

E eles, na aventura da vida,

ficarão sempre bem

porque ser voador é só uma saída”

 

 

Perante o  seguinte desafio, proposto pela professora do 10º ano de Português:

Atividade 1

 

 

            Há palavras estrangeiras que se apoderaram da nossa linguagem e que as utilizamos como se fossem nossas, muito nossas!

 

O desafio é o seguinte: com a lista de palavras a seguir apresentada, vais escrever um texto narrativo. Criatividade à solta!

 

Fashion

 

Top model 

 

 Shopping

 

 

      Show

 

 

 

·       Rock

 

 

 

·       Look

 

 

 

·       Stress

 

 

 

·       Stop

 

 

 

·       Fitness

 

 

 

·         Outdoor 

 

 

a aluna nº16, Sara Cortez, escreveu o seguinte:

            Era sexta. Este é, para mim, o melhor dia da semana. Saio da escola cedo, e costumo ir passear com os meus pais e o meu irmão, o Gaspar, que é dois anos mais novo que eu. Todas as semanas vamos a um sítio diferente.

            Naquele dia fomos ao shopping. Eu fiquei muito revoltada. Prefiro o teatro, ou mesmo o cinema, ou qualquer sítio outdoor. Não gosto nada de me enfiar em centros comerciais, principalmente quando estão à pinha, parece que toda a gente me vai sugar o ar que estou a tentar respirar. É quente, parece que o cheiro da restauração abafa todo o shopping, as lojas estão cheias de gente, está tudo num stress non-stop e com a música aos berros, uma diferente a cada dez passos que se dão. Tudo isto resulta numa mixórdia de música e cheiros e ruídos e agitações e pessoas.

            Estávamos ali. Separámo-nos mal entramos. O meu pai foi procurar uma prenda de aniversário para a minha mãe, a minha mãe foi procurar uma prenda de aniversário para o meu pai (claro que arranjaram ambos desculpas esfarrapadas) e o Gaspar correu pelas lojas a colecionar todas as amostras grátis que cabiam nos seus bolsos. Ele trouxe-me um bolinho da sorte. Mas eu não acredito na sorte. Logo, guardei o papel no bolso e comi o bolinho. Eu só queria ir embora, por isso amuei e sentei-me num banco em frente a uma montra. Olhei. Que lindas, aquelas manequins! Todas muito altas. Um dos meus maiores desgostos é ser baixa, porque não consigo arrasar nos macacões nem nos vestidos compridos como as mulheres altas. Para mim, cada mulher com mais de um metro e setenta é uma top model. Elas impõem a sua presença pelo simples facto de estarem presentes. Entrei na loja porque, apesar de tudo, sou muito vaidosa.

            Aquela loja estivera sempre ali. Só que eu, como amuo sempre que vou ao shopping, nunca tinha entrado lá. Mal entrei, a música chamou-me a atenção. Era rock dos anos 90, daquele que já não se faz. Continuei a andar. Vi uma mulher. Que bonita que era! Era muito alta, devia ter um metro e oitenta. Também era muito fitness, toda musculada. Tinha um look mesmo fashion e descontraído. Podia dizer-se que era a epítome das pessoas altas, dava um show por onde quer que passasse. E arrasava numas longas calças verdes. Eu estava maravilhada.

            Caí em mim. Nunca irei ter um metro e sessenta sequer e, como se já não fosse suficiente, atrevo-me a sonhar ser como ela. Fiquei triste. Sentei-me num banco. Continuava a olhar para ela, porque a culpa de me sentir assim não era sua. Era minha e da estúpida genética.

Ela devia estar à procura de uma roupa específica, porque percorreu toda a loja com olhar. Por um momento, o olhar dela cruzou-se com o meu. Fiquei muito atrapalhada, desviei olhar. Porém ela tinha visto que eu estava triste e, de alguma maneira, deve ter-se sentido culpada, porque veio ter comigo e perguntou-me se estava bem. Disse-lhe que sim. Ela insistiu, porque sabia que não era verdade, mas eu também insisti na minha resposta. Então ela disse-me:

— Espero que estejas mesmo bem! Já agora, gosto imenso do teu cabelo. O meu é liso, sem graça!

A verdade é que eu nem quero muito saber do meu cabelo. Quando me apetece, estico-o.  O que não se pode é esticar uma pessoa.

— Gostava de ser alta como tu. — soltei.

O seu olhar carinhoso tornou-se grave e ela disse:

— Não podes querer ser algo que não és. Não procures motivos para te rebaixares.  Há mais do que uma maneira de ser bonita. A única maneira real de te afirmares como pessoa é sendo tu mesma. Não tens que ser uma top model para isso. Só precisas de ser tu. E nunca deixes de acreditar que és menos ou mais que alguém. Porque não és. E só assim é que vais conseguir trazer a tua beleza para o mundo.

            Agradeci-lhe e despedimo-nos. Fui ter com os meus pais. Acho que ela tinha razão. Fiquei feliz e, pela primeira vez, gostava de mim como era. Levei a mão ao bolso: estava lá o estúpido papel do bolinho da sorte do Gaspar. Só porque sim, li-o: “Hoje a tua vida vai ser mudada por uma mulher com calças verdes.” Ri-me para dentro.

            E, assim, esse foi o dia em que comecei a acreditar na sorte.

 

 

Atividade 2

 

Os contos tradicionais e a poesia

 

Vamos escolher um conto tradicional ao acaso (O caldo de Pedra, Dom Caio, Capuchinho Vermelho, Os Três Porquinhos, Etc…) e vamos recriar a história do conto através de um poema!

 

Vamos pôr a imaginação a fluir e pôr mãos à obra!

 

Trabalhos dos alunos:

Neve Branca

 

Estava eu no Canadá

apenas a apreciar a neve que caía

até que, por breves instantes, recordei

a princesa pioneira dos contos Disney.

 

Sua pele era mais branca do que os flocos que pairam

seus cabelos mais escuros do que o céu noturno

sua beleza era muito mais que uma ilusão breve

e o seu nome era Branca de Neve.

 

Voz melodiosa como mel!

Encantadora da natureza!

Toda ela qualquer um adorava

apenas à sua madrasta não agradava.

 

Ela queria ser a mais bela

e apenas Branca estava à sua frente.

Ameaçou então com a sua vida acabar

e a pobre jovem decidiu por isso escapar.

 

Chegou a uma casa feita de madeira,

fez amizade com sete anões.

E, quando tudo estava perfeito,

a madrasta, disfarçada, fez o coração parar de bater.

 

 

 

Uma maçã envenenada foi o que bastou!

Os anões, desolados, choravam dia e noite

mas, antes de a esperança morrer,

o príncipe encantado acabou por aparecer.

 

E, quando ele a beijou,

a donzela abriu os olhos…

Partiram juntos para a cidade

e foram felizes por toda a eternidade.

 

                                               Bruna Castro, nº 2, 10º A

 

Pedro e o lobo

 

Pedro era pastor:

guardava ovelhas,

sempre com as orelhas

bem atentas ao predador.

 

Pedro era brincalhão:

sem precisar,

do alto do monte,

chamou a população

para que o viesse salvar

do lobo malvado

 

As gentes da aldeia,

cansadas e assustadas,

ficaram pasmadas,

quando viram que não era nada.

 

O petiz riu...

 

Pedro era insistente:

no dia seguinte,

repetiu a piada novamente.

 

As gentes da aldeia,

cansadas e assustadas,

ficaram pasmadas,

quando viram que não era nada.

 

O petiz riu…

 

No próximo dia,

mal sabendo Pedro

o que o lobo faria,

descuidou-se.

 

‘‘Ahhhhh!

Mas que desgraça!’’

dizia o rapaz,

impotente e incapaz

de remediar a situação

 

O predador

tinha devorado o seu rebanho

e, enquanto chamava pela população,

esta ignorou o pastor

por não acreditar

na sua aflição.

 

Abandonado ao seu destino o petiz chorou…

 

Com aquela tragédia,

Aprendeu uma lição:

a mentira nunca é boa,

sofreremos a sua traição!

 

                                                               José Nuno Miranda, nº 7, 10º A

 

Outros textos:

 

 

A Ambição Humana

 

A ambição é um dos traços mais característicos do ser humano. Desde o início da história, a humanidade testemunhou a sua própria passagem de criatura a criadora. De subjugada a um Deus todo-poderoso, a subjugadora de espécies inteiras, de ecossistemas, da luz, do calor, de toda a essência material das coisas, quer vivas, quer mortas, quer as vejamos, quer não.

                Dispomos agora dos meios para alterar a nossa própria genética, criar seres mais inteligentes do que nós próprios, substituir algumas das nossas partes orgânicas por inorgânicas, viajar para outros planetas, até mesmo evitar o envelhecimento e o dia do juízo final. Embora não sejam tornados realidade por questões éticas e por poderem significar o fim da nossa espécie, todos estes feitos podem atualmente, ou poderão, num espaço de trinta anos, ser realizados com sucesso. Ninguém inventou nada, limitámo-nos a observar o nosso meio e a aprender com ele.

                Isto foi produto da ambição? Na minha opinião, o homem não pode simplesmente ficar indiferente àquilo que são as bases da sua existência. No final de contas, não sabemos nada sobre nós próprios, não há cientista ou filósofo que tenha conseguido descobrir o verdadeiro segredo da nossa existência: como surgimos e qual o nosso dever como humanos?

                A ambição da humanidade por conhecimento é, por vezes, vista como maléfica: quanto mais quisermos saber sobre nós, maior o nosso sentimento constante de insatisfação e menos tempo de sobra para tratar de questões de discriminação, fome e guerra.

                No entanto, foi apenas graças a esta sede de conhecimento que conseguimos compreender-nos melhor e perceber que estamos todos ligados uns aos outros por fazermos parte do mesmo progresso. Este sentimento de unidade, aliado à ciência, à psicologia, à especulação filosófica, à multiculturalidade, incita-nos uma responsabilidade de valorizar a vida, de procurar reduzir as discriminações e violências.

                Assim, considero a ambição humana um bem que nos leva ao expoente máximo do uso das nossas capacidades.

 

 

Sara Cortez, nº16, 10º ano